A poesia condoreira ou social.
A Guerra do Paraguai, a Campanha Abolicionista, a Crise do Segundo Reinado e os ideias republicanos, galvanizaram a inteligência brasileira, na década de 1860/70, beneficiando assim o aparecimento de uma modalidade da poesia pública ou social.
FILME NAVIO NEGREIRO
Castro Alves: Nasceu na Bahia, em 1847 e se tornou célebre por sua obra abolicionista. Na realidade, o poeta buscava um grande sonho: a república, soluções de todos os problemas vividos pelo país. O importante para ele era a derrubada do trabalho escravo.
Obras: Castro Alves
Navio negreiro (poesia)
Vozes d’África (poesia)
Saudação a Palmares (poesia)
Os Escravos
Espumas flutuantes
NAVIO NEGREIRO
O poema descreve com imagens e expressões terríveis a situação dos Africanos arrancados de suas terras, separados de suas famílias e tratados como animais nos Navios Negreiro que os traziam para ser propriedade de senhores e trabalhar sob as ordens dos feitores . Africanos, dos mais variados povos e etnias, foram capturados e trazidos à força para a América para trabalharem como escravos. Independentemente de suas origens étnicas, todos enfrentaram algo comum: a travessia do oceano Atlântico em um navio negreiro.
Era um sonho dantesco... O tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... Estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... Estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz dou das espirais...
Se o velho arqueja se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... O chicote estala.
E voam mais e mais...
E da ronda fantástica a serpente
Faz dou das espirais...
Se o velho arqueja se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... O chicote estala.
E voam mais e mais...
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutecem,
Cantando, geme e ri!
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutecem,
Cantando, geme e ri!
No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."
E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
Faz dou das espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...
E da ronda fantástica a serpente
Faz dou das espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...
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